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EU VEJO

 

A melhor arte de capturar, sonhando, a tarde nas malhas da noite, é fazer planos. A flâneur a fazer planos (BENJAMIN, Walter. Passagens. Belo Horizonte: UFMG, 2007: 467).

 

 

            Em Irene Almeida, o ato fotográfico ganha voo, densidade e afeto. Testemunha ocular em nossa porção territorial da Amazônia, constrói um atlas de imagens que conecta experimentações, dilemas, memórias.

        Certo dia, quando caminhava pela Rua Santo Antônio, Bairro da Campina, fez questão de documentar paredes e ruínas, vultos no efêmero. Em outro, já por volta de 21:00, aproximadamente, dirigiu-se aos limites dos rios e das florestas para garantir-lhes a escuta, mapear alianças, acolher dores.

            Diversos frames desta fotógrafa nos transportam do tangível, uma vez que o tempo se disponibiliza como categoria de composição. Neste contexto em que se faz urgente compreender quem está para as Amazônias, a paixão de Irene Almeida fornece um acordo entre as fachadas dos prédios, as fisionomias das árvores e a ética.

          Que as possibilidades de analogia e de conexão em suas metamorfoses ressoem em todos os olhos. Esperamos que em EU VEJO quem olha e quem é olhado encontre, por um breve instante, certa indecisão. Raras podem ser as circunstâncias em que nos deparamos defronte de metáforas-espelhos, imersão no tempo vivo.

 

 

 

John Fletcher

  Curador e pesquisador  

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