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LUGARES-ILHA, de Claudia Leão

Publicado em 20/09/2015

             Existem modos de perder-se. Ao tratar dos labirintos podemos dispor duas imagens opostas: o labirinto Minotáurico, no qual todos os seus caminhos orbitam um centro, que é também o seu ponto de chegada, e no qual vigora o objetivo de desvelar uma via, que se opõe e elimina todas as outras pelo seu teor incontestável de verdade; e o Deserto, que, inversamente, se compõe enquanto uma lógica labiríntica exatamente pela ausência de linhas, sendo, em sua planura opressiva, todos os caminhos possíveis, basta, portanto, ao andarilho saber a direção que deseja seguir, um processo que configura uma descoberta psicológica dos próprios passos.  

            Os labirintos são para quem, a eles, sabe olhar. Presentes nos trabalhos de Cláudia Leão – cuja pesquisa se inicia no ano de 2013 com as viagens pelo arquipélago do Marajó e se estende até o final de julho de 2015 pela região da Volta Grande do Rio Xingu – firma-se nesse universo a terceira presença dos Horizontes de água. Nesses, diferentes das paredes, que se elevam verticais, ou nos desertos, cuja solidez do chão atrai o peso dos pés, a sua horizontalidade guarda o segredo, para os que habitam a sua superfície móvel, de saber submergir e exige, para quem neles espera trafegar, de saber ver através, compreendendo que os códigos dos vazios insinuam as miragens, que flutuam nas luzes de seus reflexos, as quais são as únicas imagens às que os olhos podem confiar. 

 

Dimitria Leão

Registros da abertura da exposição, em 20/09/2015.

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